MAQUETAS DE ARQUITECTURA (4)
A CASA DA CERCA
ALMADA 1993
Conhecia o Palácio da Cerca desde os anos de 1970, quando andei por lá a vasculhar aquela ruína que era propriedade da família de Teotónio Pereira (assim como já tinha sido da família Barata-Feyo) e onde se podia entrar, um bocado à balda, uma vez que não havia lá ninguém. Ainda está por fazer a história daquela propriedade.
Com uma notável vista sobre o rio Tejo, estando implantada no topo de uma falésia no extremo norte do Núcleo de Almada Antiga, a Casa da Cerca insere-se nas tradicionais quintas de recreio, tendo sido alvo de várias intervenções ao longo dos séculos cujas marcas perduram na linguagem barroca e romântica do edifício.
Pensa-se que o nome da Quinta tem a ver com a proximidade de uma das cercas da zona mais antiga de Almada, que assegurava a defesa da vila desde a Idade Média. A própria rua onde se situa o actual Centro de Arte Contemporânea chama-se Rua da Cerca e onde ainda são visíveis parcelas dessa “cerca”. A Quinta da Cerca prolonga-se por 14 000 m2 tendo sido, em tempos, composta por logradouro, terras de semeadura, vinhas, horta, pomar e jardim. Actualmente conserva a capela, a cisterna e arrecadação.
O palácio, agora Casa da Cerca revela um modelo clássico da arquitectura civil dos séculos XVII – XVIII, através de uma planta em U, de fachadas simples e lineares, sendo este edifício considerado o maior e mais característico exemplar de arquitectura civil setecentista da cidade.
O edifício e os cerca de 14.000 m2 de área envolvente da então denominada Quinta ou Palácio da Cerca foram adquiridos pela Câmara Municipal de Almada em 1988, no intuito de preservar o património histórico da cidade. Entre Fevereiro de 1992 e Junho de 1993 o edifício, e parte das suas zonas exteriores, foram alvo de obras de recuperação comparticipadas por fundos comunitários, sendo, em 1996, classificado como Imóvel de Interesse Público.
Aconteceu que (em 1988) a então minha esposa, tinha entrado para o Gabinete de Imprensa da Câmara Municipal de Almada e, quando a Câmara decidiu adquirir o Palácio da Cerca e a sua quinta, fui fotografar aquilo tudo, como base para o projecto de recuperação e restauro. Foram cerca de 200 fotos (ainda não havia fotografia digital) e fiquei com apenas 4 ou 5 cópias – o resto ficou propriedade da Câmara (trabalho meu à borla, mais as despesas, claro).
Durante as obras tive acesso ao projecto de restauro e, em 1993, antes da inauguração da “Casa da Cerca” (como se passou a denominar), resolvi fazer uma maqueta – a título gratuito – para oferta à nova instituição do Centro de Arte Contemporânea, que foi ali fundado.
As fotos da maqueta que mostro abaixo, foram realizadas no pátio da “Casa” e já não estava em grande estado, como se pode observar em alguns pormenores. Anos depois esta maqueta estava, sem qualquer protecção, numa espécie de arrecadação, tendo os telhados arrancados e outras vandalizações... Quando vi o estado em que ela estava pensei que, quando se oferece alguma coisa (que deu muito trabalho a realizar e com custos de materiais, etc...), especialmente a uma entidade pública, comete-se um erro tremendo. Se eu tivesse vendido a maqueta à Câmara, pelo preço que poderia cobrar a um particular, se calhar aquilo ainda estaria exposto e bem conservado.
AS FOTOS QUE CONSERVEI
ANTES DO RESTAURO
APÓS O RESTAURO
A MAQUETA
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