quinta-feira, 30 de setembro de 2010

OS INTÉRPRETES, DE WOLE SOYNKA, EDIÇÕES 70, 1986

Em 1986, o nigeriano Wole Soynka ganhou o Prémio Nobel da Literatura e as Edições 70 eram a única editora portuguesa que tinha um livro desse autor editado em português: Os Intérpretes.

J.J. Soares da Costa chamou-me de urgência e lançou-me o ultimatum: Este tipo ganhou o Nobel, dizia ele exibindo Os Intérpretes na minha frente - quero uma capa nova para este livro, amanhã à tarde, com uma tira a dizer Prémio Nobel de Literatura 1986!!! Entendido? - Perfeitamente, sr. Soares da Costa, respondi eu.

E a partir daí foi uma autêntica corrida. Li o livro todo nessa noite, a minha mulher também, um stress danado e eu sem ideia absolutamente nenhuma para uma capa que encaixasse naquela "coisa". Às seis da manhã já estava a folhear revistas, a ver se me "aparecia" alguma cena a condizer. Mas nada. Népia de népia.

Fui para a editora de manhã cedíssimo, e continuei a folhear revistas, a fazer recortes e... nada que se aproveitasse. Às cinco da tarde fiz um lettering, meio à balda e comecei a colar recortes sem nexo. Às seis da tarde, o patrão chamou-me: Então, temos capa? E eu: Bem... hummm talvez... e mostrei-lhe uma colagem a preto e branco - isto se calhar funciona, com um fundo em marfim. - É um bocado estapafurdio, respondeu o boss. O livro também é, disse eu. O que é que te parece? Perguntou o director geral à "alma negra", de nome Rui Oliveira e que me fazia a vida mesmo negra, com dúvidas e mais "ses" e "mas" e "etecetras" e "hunnns" e outros grunhidos semelhantes... Pode ser que sim, disse ele - para mim foi um alívio - e a capa avançou assim para a gráfica. No dia seguinte tive que ir a Mafra para afinar o "marfim" que propus para cor de fundo e que ninguém sabia o que era....

Bem, a capa ficou como se pode ver abaixo e, apesar de tudo, depois de reler o livro (e dessa vez achei que é excelente), até nem destoa do conteúdo...


Capa, lombada e contracapa:


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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

ETIQUETA E BOAS MANEIRAS, EDIÇÕES 70, 1987

Um dos livros que me deu maior gozo realizar nas Edições 70:

ETIQUETA E BOAS MANEIRAS
Ana São Gião
1987

Capa: fundo a spray azul sobre cartolina, ilustração (foto) recortada a x-acto e colada sobre o fundo. As ilustrações para o texto foram executadas a lápis (grafite) sobre papel cavalinho.

De notar que o lettering da capa foi todo ele desenhado à mão, recortado e colado no fundo. O original da capa era mais ou menos em formato A3.


Ilustrações:








Capa recuperada (digitalizada) a partir de um exemplar do livro encontrado numa biblioteca pública.

Capa da actual edição (Edições 70 - Almedina) - via Wook, como se pode ver.

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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

OUTRAS CAPAS PARA A NOVA VEGA (2)

CÁLICE DE NEBLINAS E SILÊNCIOS
António Graça de Abreu
Colecção Chão da Palavra/Poesia
Junho, 2008

Capa de Colecção.


Plano Final, capa, contracapa e lombada:


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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

OUTRAS CAPAS PARA A NOVA VEGA...

AGORA E NA HORA DA SUA MORTE
Luís Filipe Costa
Colecção Chão da Palavra
Maio, 2008

Algumas das propostas:




Capa aprovada:


Plano final, capa, contracapa, lombada:


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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

CAPAS PARA A NOVA VEGA

Comecei a trabalhar com as Edições Vega, como já disse, em 1983. Não tenho em arquivo qualquer capa realizada nesse período, e do seguinte, entre 1997 e 1998, ainda guardo a cópia de uma das capas dessa altura, com a chancela Século XXI, cujo livro não sei se chegou a ser publicado.

Quando a editora passou a grupo editorial Nova Vega, voltei a trabalhar com ela, desde 2008 até ao presente. Aqui fica uma das primeiras capas desta fase.

A EPOPEIA TEMPLÁRIA E PORTUGAL
Fernando Sucena
Colecção Documenta Histórica
Julho, 2008

Algumas das propostas:



Capa escolhida:


Plano final da capa, contacapa, lombada e badanas:


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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

AS PRIMEIRAS CAPAS


O início da minha actividade como gráfico (nessa altura raramente se usava a palavra designer – era “desenhador gráfico” como nos designavam), deu-se verdadeiramente com as Edições Vega em 1983, quando realizei a minha primeira capa: Fábulas do Tempo Presente e do Tempo Futuro, de Carlos Couceiro (falecido em Março deste ano, era engenheiro, também guitarrista – foi o primeiro guitarrista de José Afonso – e pai do piloto de automobilismo Pedro Couceiro), livro que também ilustrei, seguindo-se a capa de Capim e Poemas Supérfluos do mesmo autor. Estava empregado na Ilídio Monteiro Construções, Lda. (1981/1984), como desenhador de arquitectura e construção civil e ia fazendo uns extras por fora: capas para a Vega, desenho de projectos e maquetas de arquitectura para diversos arquitectos, projectos de legalização de moradias, criação de logótipos, pintura de montras de lojas, etc….

Uma das primeiras capas de colecção que fiz para as Edições Vega, de Assírio Bacelar.
O layout já existia, portanto foi só finalizar o título, o nome do autor, descobrir uma foto do mesmo e acrescentar-lhe uma pequena "marca" pessoal: a caneta em cima das folhas de papel.

Quando terminei a colaboração na Ilídio Monteiro em 84, já estava muito mais virado para o grafismo e a pouco e pouco fui largando o desenho de arquitectura. Em 1985 respondi a um anúncio das Edições 70, onde entrei como desenhador gráfico para fazer o grafismo e a paginação do Boletim editorial da editora (que celebrava o 15º aniversário) para a Feira do Livro desse ano, realizando depois a decoração dos stands.


A primeira capa que fiz nas Edições 70 foi, se não me engano, para a prestigiada colecção Lugar da História cuja capa, como quase todas as capas das 70, havia sido concebida e desenhada por Alceu Saldanha Coutinho – que já lá não trabalhava e nunca cheguei a conhecer. Ora Saldanha Coutinho trabalhava com tipos de letra desenhados por ele próprio: os alfabetos eram fotografados na gráfica em diversos corpos (ou tamanhos) e ele recortava depois cada tipo de que necessitava e formava assim os letterings das capas. Isto dava uma trabalheira incrível, como se perceberá, quando há mais de vinte anos se usavam letras decalcáveis para esse fim. A pouco e pouco fui substituindo as letras desenhadas à mão por tipos Mecanorma. Mas o da Lugar da História, J.J. Soares da Costa, o editor, director, dono, etc… das 70 nunca me autorizou que o substituísse.


Capa de Alceu Saldanha Coutinho para a colecção "Lugar da História" e a primeira capa que realizei para essa colecção - eliminando os meios tons.


Assim, quando foi necessário “dar cor” às capas (que eram só a uma cor – uma cor da escala pantone para o fundo e rede de 50% para o nome do autor e ilustração), reformulei timidamente o layout, mas tive de manter o lettering do Saldanha Coutinho. Aquilo era sagrado!!!

Vejam-se abaixo as maquetas com cor e a capa aprovada.


Capa aprovada, completa


Curiosamente, dezoito anos mais tarde, em 2003 e 2004, voltei a trabalhar para as Edições 70 e a fazer nova alteração para as capas da colecção "Lugar da História". J.J. Soares da Costa queria aumentar o formato da colecção, para tentar evitar que se fotocopiassem os livros. A essa alteração, juntei outras no desenho da capa, quase imperceptíveis, e finalmente adoptei um lettering do mapa de tipos do Corel Draw, o Elephant condensado, que era o que mais se parecia com o anterior.


As duas capas completas que realizei em 2003 e 2004.

Resta dizer que em 2005 J.J. Soares da Costa vendeu as Edições 70 à Almedina e reformou-se. A Almedina tratou de também reformar todas as capas das colecções das 70, mas ainda se encontram muitos livros com capas minhas desse período, nos alfarrabistas.

Para as Edições 70 realizei, em três anos e meio um número de capas que não consigo quantificar (cerca de 7 a 10 por mês), algumas delas entrarão neste blogue, a seu tempo.

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domingo, 12 de setembro de 2010

A GÉNESE DAS CAPAS DA COLECÇÃO “SEFARAD” PARA A NOVA VEGA

No post anterior apresentei o processo que levou à capa de A República e os Judeus, de Jorge Martins, 4º volume da colecção Sefarad.

Desta vez deixo-vos aqui as maquetas mais significativas dos layouts propostos inicialmente para a “colecção Sefarad”, em Abril de 2009 – concretamente para o primeiro título da colecção, Breve História dos Judeus em Portugal, de Jorge Martins, também ele director da colecção.

Para quem não sabe, Sefarad é o nome hebraico dado à região que corresponde ao chamado Al-Andalus árabe, na Península Ibérica, incluindo grande parte dos actuais estados de Espanha e Portugal.

Apresentei ao editor e ao director da colecção oito propostas de leyout e oito variantes, portanto 16 maquetas.




O layout escolhido foi este:


Plano completo final da capa aprovada (capa, contracapa, lombada e badanas). Acresce que, para tornar a contracapa mais atraente, resolvi colocar a imagem da capa invertida e na mesma cor do fundo.
 

As capas dos volumes 2 e 3:


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